A origem do povo cigano
A origem exata do povo Cigano é desconhecida, e como o povo Cigano não tem uma linguagem escrita até hoje, fica difícil definir sua verdadeira origem. Tudo o que se falar, será baseado em conjecturas, suposições e relatos dos mais velhos da tribo.
A hipótese mais aceita é que o povo Cigano foi expulso por invasores árabes há quase 3 mil anos da região noroeste da Índia . A tez morena comum aos hindus e ciganos, as roupas coloridas, os princípios religiosos e a semelhança entre o sânscrito, um dos idiomas mais antigos do mundo, que era escrito e falado na Índia, com o idioma falado pelos ciganos, são fatos que reforçam esta hipótese.
Depois de vagar pelo Oriente, os ciganos invadiram o Ocidente e espalharam-se por todo o mundo. Essa invasão foi uma das únicas da história da humanidade que foi feita sem guerras. Foi uma invasão cultural e espiritual e ao contrário do que muitos pensam o povo Cigano é que foi perseguido, julgado e expulso ao longo da sua caminhada pacífica.
Não se sabe se esses eternos viajantes pertenciam a uma casta inferior dentro da hierarquia Indiana (os parias) ou de uma casta aristocrática e militar, (rajputs). Independentemente do status, a partir do êxodo pelo oriente, os ciganos se dedicaram a atividades itinerantes como: ferreiros, domadores criadores e vendedores de cavalo, saltimbancos, comerciantes de miudezas e o melhor de suas qualidades; a arte divinatória. Viajam sempre em grandes carroças coloridas e criaram normas poéticas para si mesmo.
Com valores muito diferentes dos nossos, os ciganos estão longe de querer o poder e não fazem questão de ascender na escala social. A família é à base da organização social, não havendo hierarquia rígida no interior do grupo. O comando é exercido pelo homem mais capaz e representa a tribo na Krisromani, uma espécie de tribunal cigano formado pelos membros mais respeitados de cada comunidade, com a finalidade de punir quem transgride, a rígida ética cigana. A figura feminina tem sua importância. É comum haver lideranças femininas e nenhum cigano deixa de consultar avós, mães e tias para resolver problemas importantes por meio da leitura da sorte.
A sexualidade é um ponto importante entre os ciganos e, ao contrário do que se imagina, eles têm uma moral bastante conservadora. Eles se casam cedo, seguindo sempre acordos firmados entre as duas famílias. A virgindade é exigida, não recebem nenhum tipo de educação sexual e ter filhos é a principal função do sexo. Descobrir os seios em público é natural, mas nenhuma mulher pode mostrar as pernas, pois da cintura para baixo todas são impuras, daí a imposição das saias compridas e rodadas para as mulheres que também são proibidas de cortar os cabelos, e nunca sentam à mesa com os homens.
Como praticantes da magia e das artes divinatórias, são elas que cada vez mais assumem o controle econômico da família. A leitura da sorte é a principal renda para a maioria das tribos. O resultado é um pouco contraditório: o homem manda, mas é a mulher quem sustenta o grupo.
Uma das maneiras dos ciganos se manterem unidos, vivos e com suas tradições preservadas, é o idioma falado por eles, o romani ou rumanez, que é uma linguagem própria e exclusiva. Como é uma língua ágrafa, sem forma escrita, o romani é transmitido na forma oral de pai para filho.É expressamente proibido ensinar o romani para os não ciganos. Assim como o idioma, todos os demais ensinamentos e conhecimentos da cultura e tradição ciganas, dependem exclusivamente da transmissão oral. Os mais velhos ensinam aos mais jovens e às crianças os conhecimentos do passado, o pensamento e a maneira de viver herdado dos ancestrais.
Matéria enviada por Pai Marcelo